sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O Guaraná Jesus quer se aproximar dos jovens


O Guaraná Jesus quer se aproximar dos jovens


Será que consegue?

FONTE: Portal mkt-Elo.com.br

O Guaraná Jesus lançou, uma campanha chamada “Já era pequeno”, em uma nítida tentativa de se aproximar do público mais jovem.

O que aconteceu com a Jesus (no feminino, como é pedido no Maranhão, já que originalmente era a Cola Jesus), é que se tornou um produto considerado clássico, algo cultural, e normalmente jovens não consomem produtos clássicos, que para esse público se lê antigo.

 A mudança começou com o concurso da lata, que ficou com uma leitura mais moderna, sendo escolhida através de uma votação na internet. E porque só a lata? A lata é a embalagem mais utilizada por jovens de 12 aos 20 anos, e poderia ser prejudicial mudar as garrafas que são tradicionalmente as embalagens da “família”. Percebam a complexidade do processo, ter um único produto, mas com duas leituras completamente diferentes. E a Coca-Cola tem experiência nisso, na década de 80 errou feio ao tentar inovar o sabor da Coca-Cola para competir com a Pepsi, criando a New Coke, que foi uma verdadeira tragédia na história da Coca. (Leia mais neste artigo do Mundo do Marketing).

Mesmo com toda a experiência da Coca-Cola americana, a Coca-Cola Brasil ainda parece querer se comunicar de forma errada. Com personagens no melhor estilo “Malhação”, foram criados vídeos para TV e para a Web (www.jaerapequeno.com.br) que se complementam na história do Caio e Gabi, astros da TV, e Lucas e Bia, o casal cupido do Caio e da Gabi, e que fazem comentários na Internet.
Os vídeos trazem os personagens na tentativa de utilizar gírias locais, como “pequeno” e “éguas”, mas de forma nitidamente forçada, me pergunto inclusive se os atores são Maranhenses pois o sotaque não parece local. Ao analisar as contas de Twitter criadas para os personagens, o responsável pelos twitts não faz a mínima questão de esconder que é a mesma pessoa utilizando o software CoTweet e movimentando as contas no mesmo horário. Isso demonstra o pouco sucesso das contas pois a mesma possui algo em torno de 200 seguidores, considerado insuficiente para os investimentos nesse tipo de campanha. Os exageros também continuam nos vídeos do YouTube, onde o personagem Lucas simplesmente joga uma lata toda do refrigerante no rosto, como se fosse normal tal atitude. Conversando com alguns adolescentes sobre a ação, me indicaram os mesmos exageros, e senti que receberam a campanha de forma negativa pois subestima os jovens, tratando-os de forma quase infantil e completamente imatura.

A Campanha “Já era pequeno” da Coca-Cola Brasil teve um planejamento fantástico, unindo várias mídias e integrando com a web, o maior desafio desse tipo de campanha atualmente, no entanto esqueceu de ouvir o público-alvo. A comunicação foi planejada para os adolescentes mas não fala a língua deles, como se fizéssemos uma campanha no Brasil mas falando japonês.

Vamos observar os próximos passos da campanha, mas acho que mudanças virão

Texto de: Alexandre Couto  

Administrador de Empresas, MBA em Gestão Estratégica de Marketing. Sócio-Proprietário da R3C Soluções onde atua na consultoria de Marketing.



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

TEXTOS REFLEXIVOS


TEXTO 1.0

A COMPLICADA ARTE DE VER 


Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto." Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver". Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física. William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo. Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram". Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção". A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo. Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas". Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...



Rubem Alves – Educador e escritor. 

__________________________________



TEXTO 2.0

Relações sociais no século XXI
Vivemos atualmente um processo de fragilidade em nossas relações sociais na internet que promove incertezas e dúvidas em nossa existência.

Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, o mundo atual vive um momento de frouxidão nas relações sociais. Isto quer dizer que, com o avanço da tecnologia no século XXI, as pessoas tendem a se relacionar mais por meio de aparelhos eletrônicos do que pessoalmente.
Hoje, vivemos o que os sociólogos chamam de amor líquido, já que nossas relações de afetividade tornam-se facilmente descartáveis. Assim, o verso do poeta brasileiro Vinícius de Moraes, “Que seja eterno enquanto dure”, encaixa-se perfeitamente ao que estamos vivendo nos dias atuais. Nesse sentido, as relações entre as pessoas estão cada vez mais vulneráveis e a realidade do mundo virtual proporciona a escolha de novos amigos e novos amores facilmente, ou melhor dizendo, num simples “clique” do computador. As identidades são forjadas a fim de chamar atenção das pessoas, pois vivemos a dicotomia entre mundo virtual e mundo real, em que um indivíduo pode assumir diferentes personalidades, mantendo relações pouco duradouras.
Essa fase de amor líquido representa um declínio das sólidas relações humanas, posto que por meio de aparelhos como as redes sociais, a amizade, o amor e o respeito entre as pessoas são facilmente descartáveis. Mesmo essas ferramentas virtuais sendo importantes para reencontrar antigos amigos ou conversar com algum parente que esteja distante, elas não substituem a realidade das verdadeiras sensações humanas de trocar palavras com a pessoa que você ama sem ser por meio da tela de computador.
O amor líquido vivido atualmente mostra o enfraquecimento de sentimentos importantes na conduta humana. O namoro virtual é um exemplo que retrata bem a ausência de valores que eram indispensáveis para um relacionamento entre duas pessoas. Possa ser que duas pessoas que se conheçam através de um namoro virtual passem a se encontrar pessoalmente, tendo um relacionamento duradouro, porém, em muitos casos, as relações virtuais são camufladas por personalidades falseadas de “amizade ou amor”.
A ausência de aspectos importantes para um bom relacionamento entre duas pessoas é promovida por essa realidade virtual em que vivemos no século XXI. Nessa virtualização das relações sociais, a construção da amizade ou do amor ocorre sem muitos obstáculos e são rapidamente substituídas por outras como se fossem informações sem valores. Diante disso, o que presenciamos em relação ao amor é que ele está sendo vivenciado de uma maneira mais incerta e duvidosa, pois nunca houve tantas opções de relacionamentos como presenciamos nas redes sociais e nunca houve tanta fragilidade e instabilidade em nossas relações como as vividas atualmente. Portanto, é nessa sociedade líquida que buscamos aquilo que existe desde o surgimento da humanidade, o amor.

Por Fabrício Santos
Mestre em História – UNICAMP. 

______________


TEXTO 3.O

Dinâmicas de grupo e as relações interpessoais - (2013 - PORTAL EDUCAÇÃO)

Os relacionamentos interpessoais fazem parte da vida de qualquer indivíduo na sociedade, pois respeitar o espaço e as atitudes de cada um é imprescindível para que as relações sociais sejam bem-sucedidas. No contexto empresarial as dinâmicas de grupo simulam um cenário que remete o candidato a situações de conflito que irão expor essas capacidades de relacionamento que refletem diretamente no comportamento organizacional.

Organizar uma dinâmica de grupo envolve uma série de fatores que irão variar de acordo com as características que deverão ser observadas durante o processo, por exemplo, comportamento em grupo, tomada de decisões, administração do tempo entre outras. Durante atividades destinadas à análise do comportamento interpessoal do candidato devem-se analisar alguns pontos essenciais que pode revelar intolerância, desconforto, consentimento, liderança e demais atitudes típicas de grupos.

Determinadas atitudes são taxadas como essenciais para o profissional das organizações modernas, entre elas podemos citar a liderança, facilidade de comunicação, saber trabalhar sob pressão, criatividade, equilíbrio emocional entre outros. O grande problema é que quando essa dinâmica não é conduzida por um profissional qualificado, isso acaba gerando uma série de seleções baseadas em preferências e preconceitos do entrevistador, um procedimento que pode prejudicar a imagem da empresa no mercado.

A grande contribuição das dinâmicas de grupo voltadas para a análise das relações interpessoais é apontar virtudes e falhas, identificando se determinados comportamentos podem ser trabalhados em prol da organização. Dificilmente um candidato irá atender todos os pré-requisitos da empresa logo “de cara”, cabe ao processo das dinâmicas apontar quais candidatos podem ser trabalhados para os ideais da organização, mas isso só é possível mediante um processo de seleção qualificado e imparcial.