Beleza e boa aparência ajudam no mercado de trabalho?
É comum encontrarmos em novelas, revistas e programas variados a ideia de que a beleza interfere no mercado de trabalho. Basta ser bonito ou bonita para conquistar aquele cargo na empresa. Ou ainda usar aquele decote, ou aquela minissaia, no caso das mulheres, para alcançar destaque profissional.
Para o publicitário e designer gráfico, Peterson Ruiz, a beleza ajuda no mercado de trabalho, pois o belo pode significar saúde, ou um ideal social. “A insatisfação muitas vezes está ligada à imagem, fazendo com que a pessoa tenha baixa auto-estima e refletindo em seu desempenho social, afetivo e profissional. Acredito que alguns perdem uma vaga de emprego ou o próprio emprego por não dar atenção a própria imagem”, diz Ruiz. Mas alerta: “Não basta ser mais bonita ou mais bonito. A aparência pode ser um item de desempate, dependendo da organização ou do ramo de negócios. ” Outros itens que contam e podem embelezar um candidato são a simpatia, sociabilidade, boas maneiras. Portanto, nada de cara amarrada, grosseria e vulgaridade.
A comunicóloga Bruna Reviglio de Góes afirma que a ajuda no mercado de trabalho não é a beleza propriamente, mas a boa aparência. Bruna concorda com a ideia de que muitas pessoas perdem empregos devido à má atenção dada à própria imagem, já que o profissional passa a representar a empresa. “A beleza e a aparência são coisas diferentes, pois a beleza natural ajuda, sem dúvida, mas não é o suficiente quando se fala em ter boa aparência. Boa aparência abre caminhos profissionais e pessoais, pois uma pessoa bem cuidada chama a atenção e se destaca. Porém, muito mais do que ter boa aparência, o importante mesmo é que essa reflita em uma boa saúde, disposição, e estar de bem com a vida”.
Amanda Medeiros Albuquerque, designer de Moda, pós-graduada em Jornalismo Cultural e especialista em Consultoria de Imagem e Colorismo, acredita que a beleza, talvez, possa ajudar no mercado de trabalho, mas a aparência, com certeza. Para ela, ema pessoa bonita, naturalmente bela, atrai olhares... mas isso pode acabar tirando o foco das suas capacidades profissionais que são colocadas em julgamento mais facilmente. Já uma boa aparência pode transmitir credibilidade e confiança, além de deixar claro que a pessoa cuida de si e, conseqüentemente, das suas coisas e tarefas. O profissional que cuida de sua aparência preza, conseqüentemente, pelo seu cargo e pelo valor de sua pessoa dentro da empresa.
Beleza e aparência não são questões que estão diretamente ligadas, mas se completam. A beleza é estabelecida pelas características físicas (e emocionais) de uma pessoa, que acabam sendo potencializadas pela forma com que alguém trabalha sua aparência. Assim é possível melhorar uma aparência, com truques de maquiagem ou vestimenta; já a beleza, em sua essência, é e sempre será a mesma.
Segundo, a consultora de imagem Amanda, a mídia acaba moldando e impondo muito dos padrões cristalizados da imagem pessoal; são, um exemplo, os empresários das novelas que estabelecem um visual caricato do profissional contemporâneo - rápido, cruel, calculista e extremamente refinado. Para não se deixar levar por tais modelos é preciso buscar referências reais, pessoas com as quais convivemos e admiramos - por serem um exemplo a ser seguido.
Imagem pessoal X profissão:
Mas outra dúvida: A importância destes elementos varia dependendo da profissão ou mesmo área de atuação? Sim, afirma Welton Fernando Zonatti, bacharel em Têxtil e Moda e assessor de imprensa da Duo Press – Assessoria de Comunicação. “Depende do segmento no qual a pessoa vai trabalhar. Para telemarketing, por exemplo, fatores como tatuagem ou piercing não são empecilhos no momento da contratação, uma vez que o funcionário não terá contato físico com os clientes. Para a área de moda – como vendas, por exemplo – possuir um beleza ou boa aparência são relevantes”, explica. Contudo, o “tipo” de beleza deve ser condizente para aquele público no qual o funcionário irá atender. Jamais contratariam uma bela jovem, loura e magra (o estereótipo de beleza que permeia o imaginário popular) com muitas tatuagens e piercings para atender uma clientela conservadora. Contudo, uma moça mais discreta e menos bela que a primeira, mas que cuida da sua aparência no que tange o corpo e o estilo, poderá ter mais vantagens num ambiente profissional.
Para a designer de Moda, Amanda, uma pessoa “largada” com sua imagem acaba transmitindo a sensação de que esse descuido se estende a sua atuação profissional. “O primeiro impacto que causamos nas outras pessoas é visual, como estamos vestidos e nos comportamos em público”, destaca Zonatti. Ele também assegura que o segundo impacto refere-se ao modo como nos comunicamos com os outros, com o que falamos – e se falamos a verdade ou não e se “exageramos” em nossas qualidades ou mesmo defeitos.
O empresário Ronaldo Malosti Morais diz que o mercado não anda tão exigente ainda, embora o marketing pessoal seja fundamental. Para ele, é uma questão de empregados e empregadores. “Todos devem estar conscientes do melhor benefício para ambos e os clientes. Uma boa imagem para representar minha empresa é o conjunto de: Simplicidade, Respeito e Profissionalismo”.
Qual é o perfil profissional ideal para nosso mercado atual?
Amanda Medeiros Albuquerque: O mercado de trabalho busca um profissional equilibrado, coerente, disponível, animado e engajado - que consiga se relacionar com seus colegas sem deixar de lado a questão profissional de tal envolvimento; não se pode carregar preconceitos ou pensamentos preestabelecidos que prejudicam a assimilação de novas idéias. O profissional ideal deve, ainda, saber delegar e conviver com superiores e subordinados, evitando as tentadoras intrigas e fofocas que corroem o tempo útil de trabalho dentro das empresas. A pessoa precisa conquistar e cumprir metas, concretizando objetivos.
Welton Fernando Zonatti: Acredito que beleza e boa aparência são relativas e que depende muito do estilo de vida de cada um e de suas referências pessoais. Não há a necessidade de se privar de seu gosto pessoal em função da opinião alheia. Contudo, bom senso e estar condizente com o ambiente de trabalho – moderno ou conservador – é essencial para que não se sofra com a discriminação ou com a rejeição por parte dos colegas de trabalho ou mesmo do chefe.
Invista em marketing pessoal
Marketing Pessoal é a maneira pela qual alguém valoriza seus pontos fortes e "vende" sua imagem pessoal, transmitindo às pessoas próximas a imagem com a qual deseja ser conhecida. A designer de Moda Amanda Medeiros Albuquerque dá as dicas:
Cuide, antes de tudo, de sua higiene pessoal; algo relativamente óbvio, mas que é comumente ponto para reclamações de colegas e até mesmo superiores.
Evite fofocas, picuinhas, assuntos festivos ou desnecessários durante o trabalho; caso precise fazer algum comentário sobre colegas ou mesmo sobre programas de tv busque sair da sua estação de trabalho, para não atrapalhar o dia-a-dia dos demais.
Não faça uso excessivo do telefone para solucionar problemas pessoais ou para conversar com amigos/colegas sobre temas que não são relativos ao trabalho. Para tal prefira seu telefone celular e, claro, o horário de almoço ou lanche.
Tente minimizar o tempo gasto no café, ou mesmo ao toalete - para não passar a sensação de que você deseja engolir o tempo para, dessa forma, trabalhar menos.
Cumpra prazos, mesmo que isso signifique hora extra ou sacrifícios durante o final de semana; para não sofrer por tais razões busque sempre ponderar antes de aceitar um novo projeto ou tarefa, analisando se elas realmente cabem dentro do seu atual esquema de trabalho.
Vista-se de acordo com seu trabalho e com suas tarefas, evitando exageros; não seja chique demais e nem simplório ao extremo... é preciso encontrar um equilíbrio que traduza sua função dentro da empresa.
Não use das armas da sedução para conquistar melhores posições, aumentos ou preferências; tal tipo de atitude traz benefícios rápidos, mas problemas profundos irreversíveis.
Tente ao máximo não discorrer demais sobre suas características positivas, evitando uma posição de pessoa convencida; ao mesmo tempo, não fale sobre seus defeitos que devem ser trabalhados e melhorados apenas por você.
